Antipsicóticos

 

Os antipsicóticos foram introduzidos nos anos 50 e tiveram um enorme êxito no tratamento de doenças psíquicas graves, como a esquizofrenia e a doença maníaco-depressiva, melhorando significativamente a qualidade de vida desses enfermos, muitos dos quais passaram a poder fazer uma vida normal. Recentemente têm também sido utilizados nos estados de agitação das pessoas de idade avançada.

Os antipsicóticos, também designados como neurolépticos, tinham no entanto algum efeito sedativo, e podiam causar um certo grau de apatia se tomados em dose alta. Por isso têm vindo a ser introduzidos na clínica novos compostos, mais eficazes e mais bem tolerados pelos doentes. No entanto, estes novos produtos podem também apresentar novos inconvenientes, como por exemplo causarem excesso de apetite e alterações do metabolismo, com desequilíbrio dos lípidos no sangue e risco de diabetes.

Apesar disso, estes medicamentos são muitíssimo úteis nas doenças psicóticas, fazendo cessar ou atenuar-se as manifestações mais graves como as ideias delirantes e as falsas percepções. O doente readquire o sentido da realidade e consegue retomar uma vida normal, integrando-se melhor na família e na sociedade. Mas para isso é necessário que o medicamento seja tomado com continuidade e regularidade. Quaisquer efeitos indesejáveis, como a  apatia ou o aumento de peso, devem ser comunicados ao médico para que ele ajuste a dose ou mude para outro fármaco.

Alguns medicamentos deste grupo, principalmente os mais antigos, podem ter de ser prescritos em conjunto com um outro fármaco classificado como antiparkinsónico.  O objectivo é prevenir certos efeitos inconvenientes tais como distonia (contracções musculares) ou parkinsonismo (o sintoma mais visível é um certo tipo de tremor). Quando está indicado o antiparkinsónico, ele não deve ser parado sem autorização médica, sob pena de aparecerem os referidos efeitos.

Talvez o maior dos problemas destas doenças seja a falta de cumprimento das prescrições do médico. O doente, sentindo-se bem, ao fim de alguns meses abandona a medicação. Pode acontecer que a medicação lhe faça recordar o período em que esteve doente, e que ele gostaria de esquecer. Mas o que sucede na maioria dos casos é que se ele deixa a medicação, daí a pouco tempo tem uma nova recaída. Por isso é consensual que nestes casos o tratamento tem de ser feito por longos períodos, e frequentemente pela vida fora. Por essa razão a família deve colaborar no tratamento, entre outras formas tentando assegurar o cumprimento regular da terapêutica.

Há um outro tipo de problema com que se depara frequentemente. Trata-se do emprego de antipsicóticos em doenças de natureza não psicótica, como a ansiedade ou a depressão leve. Ora estes medicamentos não devem ser empregues nas perturbações ligeiras, a não ser em doses muito baixas ou para evitar outros produtos com mais desvantagens (por exemplo em certos problemas do sono, ou na gravidez). São fármacos que só deverão ser prescritos com ponderação. Infelizmente, constata-se que continuam a ser largamente receitados, sem indicação precisa, por alguns médicos.

Entre eles citam-se o sulpiride - Dogmatil, e o amisulpride - Socian. Possuem, é certo, efeitos antidepressivos e sedativos, mas têm outros inconvenientes de monta. Interferem marcadamente no equilíbrio hormonal, especialmente na Mulher, pois provocam uma elevação anormal de uma substância segregada na hipófise chamada prolactina. Por isso causam frequentemente tumefacção mamária e corrimento mamilar (galactorreia). Podem provocar paragem da menstruação e agravar osteoporose. Podem causar diabetes. E podem causar movimentos anormais (discinésias) que permanecem anos ou o resto da vida. Dado que existem fármacos que têm efeitos benéficos comparáveis ou mesmo muito superiores, sem os inconvenientes referidos, aquelas substâncias deveriam em princípio ser reservadas a casos muito especiais. Mas ainda se vêem muitos doentes a tomar esses medicamentos. Em resumo, medicamentos como Socian ou Dogmatil devem actualmente ser evitados.