Estabilizadores do humor
Estes medicamentos têm por efeito contrariar a oscilação anormal do ânimo que se observa nos doentes bipolares ou maníaco-depressivos. Nestes enfermos surgem de tempos a tempos episódios de humor exaltado ou euforia, designados por crises maníacas ou hipomaníacas, alternando com episódios de humor deprimido. Noutros pacientes as oscilações, embora frequentes, são menos pronunciadas, eles passam por períodos de excitação e de depressão mais leve: a esta perturbação chama-se ciclotimia. Todos estes quadros clínicos são formas da doença bipolar, enfermidade muito comum (afecta cerca de 1 por cento da população) e em cuja causa estão envolvidos factores genéticos.
Entre os estabilizadores do humor conta-se o lítio (Priadel) a carbamazepina (Tegretol), o valproato (Diplexil), a lamotrigina, o topiramato e alguns mais. Com a excepção do lítio eles são também usados em certas formas de epilepsia, e por isso os doentes estranham, às vezes, a prescrição médica, por saberem que não são epilépticos. Aliás deve acentuar-se que os fármacos não têm só uma aplicação clínica: alguns podem ser usados em meia dúzia de situações bem diferentes, embora sejam mais conhecidos pelo grupo principal onde começaram a ser utilizados.
Estes medicamentos não têm um efeito directo e imediato sobre o estado psíquico; geralmente, só com a continuação se consegue reduzir o número e a amplitude das oscilações de humor. Por isso é importante assegurar a toma regular e a dosagem conveniente. Para se acertar com a dose correcta pode ser necessário proceder-se a análises de sangue de tempos a tempos. Essas análises destinam-se a medir o nível do medicamento no sangue, bem como a detectar eventuais efeitos noutros órgãos como o rim ou a tireóide. Convém esclarecer que só o psiquiatra pode interpretar o resultado destas análises. Ouve-se dizer, por vezes, que determinado doente tinha “falta de lítio”: isso não faz qualquer sentido, uma vez que nas pessoas saudáveis o lítio só existe em quantidades ínfimas, e apenas nos doentes que estão a fazer medicação ele atinge valores detectáveis.
Alguns destes fármacos podem causar aumento de peso, outros diminuição, a par de outros efeitos secundários a ter em conta. São medicamentos para uso prolongado ou mesmo por tempo indefinido.
Deve acrescentar-se que o lítio pode ser prescrito em alguns casos de depressão não bipolar, mais resistentes, em reforço dos tratamentos clássicos. Nesses casos a toma de lítio será só por algum tempo e cessará quando o médico entender conveniente.
O lítio é o fármaco mais difícil de manusear de quantos são usados nas doenças psíquicas, apesar de possuir evidentes efeitos benéficos. Pode ter toxicidade mesmo em doses vizinhas das doses terapêuticas. Tem muitas interacções (por exemplo com os diuréticos do tipo das tiazidas) e contra-indicações (gravidez, salvo casos muito especiais). Por isso o lítio (Priadel) só dever ser receitado por especialista em Psiquiatria
Maria de Jesus Sanches
Gostei muito da informação